segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sobre o estranhamento

Assisti recentemente Guerra ao Terror. Não costumo me empolgar com filmes vencedores de Oscar, mas fiquei curiosa em relação a esse. Queria conferir qual era a orientação política da diretora.
Talvez porque não esperasse muito de Guerra ao Terror, acabei me surpreendendo com ele. Não é, certamente, o filme da minha vida, mas há um elemento bastante curioso nele: a impossibilidade de compreensão de um inimigo cujos códigos de linguagem me são estranhos.
No filme, um grupo de soldados estadunidenses especializado em desarmar bombas vive momentos dramáticos de tensão no Iraque. O argumento favoreceria uma visão bem "bushiana" da presença norte-americana no país do Oriente Médio, mas não é o que acontece.
Assitimos boa parte da história pelos olhos dos soldados. A filmagem é feita como se fizessemos parte do grupo, como se compartilhássemos com os soldados seu ponto de vista. E é daí que decorre boa parte da tensão do filme, pois, no Iraque, nada é o que parece ser. A todo momento somos induzidos ao erro: não percebemos o perigo onde ele está e adivinhamos fantasmas onde não há o que ver.
Essa confusão toda é resultado apenas de nossa incompreensão do "outro". Não entendemos sua língua, seus gestos, seus olhares. Não somos minimamente capazes de interpretar seu mundo e seus valores. E numa situação dessas, fica difícil também saber o que "fazemos" (no plural, já que acabamos nos identificando com os soldados estadunidenses) nessa guerra. No fim, somos arrastados para ela por impulsos irrefletidos, por um vício pela ação. Não há, enfim, causa ou ideologia que justifique uma guerra contra aqueles a quem não entendemos e com quem não saberíamos sequer por onde iniciar o diálogo...
Assistam. É beeeem interessante e eletrizante!

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