segunda-feira, 10 de maio de 2010

Proposta de trabalho (optativo) para os terceiros anos com o filme "Mississipi em chamas"

Após assistir ao filme Mississipi em chamas, responda:

1. O que diferencia as atitudes dos dois investigadores do FBI mostrados no filme? Que relação essas atitudes podem ter com a origem de cada um deles?
2. O filme se passa na década de 1960, portanto quase um século depois do término da Guerra de Secessão. De acordo com a visão do diretor, a vitória dos nortistas colocou fim nas diferenças regionais exitentes nos Estados Unidos? Por quê?
3. Pensem na atitude nos soldados negros mostrados no filme Tempos de glória e comparem-na com a atitude das personagens negras do filme Mississipi em chamas. Que diferenças e/ ou semelhanças vocês percebem nelas?
4. Em sua opinião, qual é a imagem dos Estados Unidos construída pelo diretor britânico Alan Parker? Justifiquem a partir de cenas do filme.
5. Pesquisem o movimento político Tea Party, que ganhou destaque na mídia nos útimos meses. Procure saber quem o organiza, que perfil têm seus participantes, em que regiões dos Estados Unidos o movimento fez mais adeptos, o que ele defende, em nome de que valores concentrou-se e que avaliação seus integrantes fazem do governo Obama.
A seguir, respondam: A organização desse movimento nos sugere uma continuidade ou uma ruptura com a mentalidade dos habitantes de Mississipi mostrados no filme? Por quê?

sábado, 1 de maio de 2010

Breve apresentação para os terceiros anos do filme "Mississipi em chamas"

Antes de assistir ao filme e realizar a proposta de trabalho que será exibida aqui a partir de 10/ 05, dê uma olhadinha na apresentação abaixo para saber do que trata o filme Mississipi em chamas.


Ficha Técnica

Mississipi em Chamas (Mississipi Burning)
País/Ano de produção:- Estados Unidos, 1988
Duração/Gênero:- 122 min., Drama/Policial
Direção de Alan Parker
Roteiro de Chris Gerolmo
Elenco:- Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, Brad Dourif, R. Lee Ermey, Gailard Sartain, Michael Rooker, Stephen Tobolowsky

A Ku Klux Klan

Na sala do 3o ano B surgiram questões acerca da origem e desenvolvimento da Ku Klux Klan, nos Estados Unidos, após a Guerra de Secessão. Para alimentar o interesse pelo tema, segue uma adptação do artigo "As muitas vidas da Ku Klux Klan", de Paul-Eric Blanrue, publicado na revista História Viva, em julho de 2005.

Estamos em 1865. Em um sul devastado, arruinado pelo desemprego e pela miséria, jovens veteranos da confederação sulista, o conjunto de estados que se separou da união, inventam algo para passar o tempo.
No dia 24 de dezembro, em Pulaski, obscuro centro administrativo do Tennessee, seis deles - Calvin Jones, Frank McCord, Richard Reed, John Kennedy, John Lester e James Crowe - se reúnem para fundar uma associação. Nada de política. A idéia era apenas prolongar a fraternidade das armas. Respeitando a tradição dos clubes de estudantes, os colegas batizaram a comunidade com um nome cercado de mistério.
Egresso do Center College do Kentucky, Kennedy adotou a palavra grega kuklos, que significa "círculo". Crowe a dividiu em dois e mudou o final, chegando a "ku klux". Observando que os fundadores eram de origem escocesa, Lester propôs acrescentar ao nome uma evocação ao "clã", em harmonia com a ortografia adotada. Crowe achou divertida a idéia de fantasiar os membros, assim como seus cavalos, com panos e capuzes roubados da casa de seus hóspedes. Assim nascia a Ku Klux Klan.
O que começou como uma brincadeira logo mudou de natureza. Os desfiles mascarados, realizados pelos seis amigos, tinham como objetivo aterrorizar os negros, sem instrução e supersticiosos, que acreditavam cruzar com os fantasmas dos confederados mortos em combate. Instrumentalizavam, portanto, o medo do além. Os sulistas empobrecidos viram nisso uma oportunidade de trazer de volta para o trabalho nas plantações os 4 milhões de negros que Abraham Lincoln tinha liberado com a Proclamação da Emancipação de 1o de janeiro de 1863. Não precisava de mais nada para os encapuzados seguirem com sua perseguição. Sob o pretexto de manter a ordem, divertiam-se em aterrorizar os negros, utilizando diversos dispositivos para dar credibilidade a seus poderes sobrenaturais: ossos de esqueletos escondidos sob os tecidos com que se cobriam, para apertar a mão dos antigos escravos alforriados, abóboras habilmente recortadas, que colocavam e retiravam rapidamente, para evocar a lenda do cavaleiro sem cabeça etc.
A Klan adquiriu, assim, uma sólida notoriedade na região. Para evitar as denúncias, o segredo se tornou um componente essencial da pequena comunidade, ajudado pelo anonimato garantido pelo capuz (...). Tentados pela perspectiva de aplicar, impunemente, trotes contra negros, candidatos das cidades vizinhas afluíam. (...) Quanto mais a Klan se desenvolvia, mais a gama de violências aumentava. (...)


Ondas da violência
As atividades da Klan eram invariavelmente baseadas no racismo. Uma delas, pouco conhecida, era de ordem eleitoral. Consistia em obrigar os negros, por meio de visitas-surpresa no meio da noite, acompanhadas por chibatadas e ameaças de morte, a votar pelos democratas (os republicanos eram assimilados aos inimigos do Norte) ou a se abster. (...) A organização também declarou guerra ao arsenal de liberdades concedidas aos negros, principalmente a livre associação. (...)
A Klan atacava os negros que tinham conseguido juntar alguns bens no pós-guerra, em nome do raciocínio segundo o qual eles eram preguiçosos, inconstantes e economicamente incapazes e, por natureza, destinados à escravidão. (...) Outro alvo privilegiado eram os funcionários ianques, ou seja, do Norte, e mais precisamente os professores que, vindos dali, davam aulas para os negros nos estados do Sul. Perigo terrível: se os negros se instruíssem, o retorno à época de ouro da escravidão seria impossível, pensavam. (...) Os jovens professores eram considerados traidores, responsáveis pela decadência. Daí os insultos e cartas ameaçadoras que começaram a aparecer: "Antes do fim do próximo quarto [de lua], desapareça, professor ímpio de negros! Desapareça antes que seja tarde! O castigo o espera com tais horrores que nenhum homem poderá sobreviver". No Mississipi a repressão atingiu seu maior grau: escolas incendiadas, mestres roubados, assassinatos. (...).
A Klan não recuava diante de nada. Tratou de liquidar até o senador republicano Stephens, apunhalado em pleno tribunal. Diante de tais excessos, o governo decidiu reagir firmemente. Em 20 de abril de 1871, o presidente Ulysses S. Grant assinou um ato draconiano, que colocava o grupo na ilegalidade. Autorizava, inclusive, o uso da força para dissolver núcleos de associados. Seis meses mais tarde, foi decretada a lei marcial em nove condados da Carolina do Sul. Membros do exército denominados Azuis foram enviados para lá, imediatamente, e realizaram milhares de prisões. Por falta de provas, a maioria dos detentos foi solta, mas a derrota foi dolorosa. Para escapar à perseguição, os membros da Klan se espalharam em novos organismos: White League, Shot Gun Plan, Rifle Club. Mas a Klan original, mesmo, foi aniquilada.


Sono de meio século
Para os rebeldes do Sul, nostálgicos exaltados, os klanistas adquiriram logo o status de heróis românticos. O retorno à atividade política aconteceria por uma via inesperada: o lançamento, em 1915, do filme O nascimento de uma nação, de D. W. Griffith, baseado em romance de Thomas Dixon. Nessa obra, o diretor (...) "não esconde a simpatia pelos sulistas e toma abertamente partido pela Ku Klux Klan". O presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, apoiou o filme. Para um de seus espectadores, William J. Simmons, era uma revelação. Originário do Alabama, veterano da guerra contra a Espanha, pregador metodista, representante comercial e associado a diversas sociedades maçônicas, Simmons tirou proveito do sucesso do filme e do descontentamento popular devido às imigrações recentes para relançar a KKK. No dia de Ação de Graças de 1915, aquele que se autoproclamava "coronel" reuniu alguns fiéis no cume da Stone Mountain, a leste do Alabama. Ele incendiou uma imensa cruz de madeira: "Eis o Império invisível tirado de seu sono de meio século".
A Klan em "novo formato" retomou a receita que fez o sucesso do antigo: supremacia branca e racismo antinegro. E acrescentou a rejeição ao catolicismo, considerado invasor. A imigração recente incitava a cultivar o anti-semitismo e a xenofobia. Mas esse renascimento parecia bastante com uma operação comercial. Cada associado pagava uma cotização, tinha uma apólice de seguro, comprava sua veste de klanista etc. Com o capitalismo, o "espírito do Sul" se perdeu no caminho. (...)
No entanto, a KKK só se desenvolveu realmente a partir de 1920 (...). Em um ano, o Sul foi "reconquistado" e, novidade, o Norte - onde os negros pobres se espremiam nos bairros suburbanos - ficou seriamente tentado, em particular os estados de Indiana, Oklahoma e Oregon. Republicanos e burgueses das cidades ficaram seduzidos. Estima-se que o número de klanistas logo chegou a cinco milhões. Como numa holding, a Klan aproveitou o apoio popular para diversificar suas atividades: publicou jornais e folhetos, comprou imóveis, assumiu o controle da Lanier University. (...). Em 1924, durante a renovação do corpo legislativo, 11 governadores e diversos senadores receberam a investidura da Klan. Triunfo. O QG mudou-se para Washington. No ano seguinte, uma lei restringindo a imigração foi votada. Para demonstrar sua força, a Klan organizou um desfile monstruoso na capital.
Mas o entusiasmo não tardaria a cair de novo. Fortalecido pela relativa neutralidade da polícia e pelo apoio de diversos magistrados locais, a Klan, copiosamente armada, multiplicou seus atos de crueldade. Os "negros" que a organização caçava, ou aqueles que se confraternizavam com eles, homens da lei - políticos e pastores incluídos -, tinham os cabelos raspados, eram marcados na testa com as três iniciais klânicas, açoitados ou ainda cobertos por asfalto, no qual enfiavam-se plumas. Apresentando-se como guardiã da moralidade pública, a Klan punia as mulheres adúlteras, os médicos charlatões, as prostitutas e os marginais. O cenário era repleto de crimes assustadores, como o de "justiçados" moídos por um trator. (...)
Nos anos 1930, o nazismo exerceu uma certa atração sobre a KKK. Não passou disso, porém. A aproximação com germanistas foi bruscamente encerrada na Segunda Guerra Mundial, depois do ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, quando muitos membros se alistaram no exército para lutar contra o "perigo amarelo". Só faltava o tiro de misericórdia ao império invisível. Em 1944, o serviço de contribuições diretas cobrou uma dívida da Klan, pendente desde 1920. Incapaz de honrar o compromisso, a organização morreu pela segunda vez.
Apesar de diversas tentativas de ressurreição (num âmbito mais local que nacional), a KKK não obteve mais o sucesso de antes da guerra. As mentalidades evoluíram. A ameaça de crise estava a partir de então descartada, tendo o soldado negro mostrado que era capaz de derramar tanto sangue quanto o branco. (...) Alguns klanistas ainda insistiram e suscitaram, temporariamente, uma retomada de interesse entre os WASP (sigla em inglês para protestantes brancos anglo-saxões) frustrados, que não compunham mais a maioria da população americana.
Nos anos 1950, a promulgação da lei contra a segregação nas escolas públicas despertou novamente algumas paixões, e cruzes se acenderam. Seguiram-se batalhas, casas dinamitadas e novos crimes (29 mortos de 1956 a 1963, entre eles 11 brancos, durante protestos raciais). Os klanistas tentaram se reciclar no anticomunismo, combatendo os índios ou atenuando seu anticatolicismo fanático. Mas nada surtiu grande efeito e o declínio da Klan já tinha começado desde o fim dos anos 1960, época em que só contava com algumas dezenas de milhares de membros.

Apesar de ser  uma organização em franca decadência, a KKK exite ainda hoje, mantendo, inclusive, um site na internet pelo qual recebe adesão de novos membros. Embora não haja mais registro de assassinatos cometidos pela organização, são frequentes as manifestações de intolerância e racismo promovidas por ela.